sábado, 30 de maio de 2009

Algo mais que um teclado



Está confirmado: a trajetória do piauiense Frank Aguiar, o Caozinho dos Teclados, será tema de filme. Até agora, o título do longa fica em Os Sonhos de um Sonhador – A História de Frank Aguiar. O atual deputado federal pelo PTB saiu de Itainópolis, num dos menores estados do país, para tentar a vida em Terezina e, depois, na capital paulista, "onde trilharia sua carreira de sucesso". A iniciativa do filme é do próprio cantor (também tecladista, músico, multimídia). Para iso, Frank arrebanhará a gorda quantia de 6 milhões de reais.

É uma conotação mítica. A princípio, sujeitos normais, desconhecidos, longe dos holofotes midiáticos, políticos, enfim. Pobres, sofredores, desvalidos. Acometidos por toda a sorte de desgraças. Depois, vem a oportunidade. A luta e o esforço para chagarem onde estão acabam por revesti-los com a capa do sucesso. Mais que merecido - os espectadores se emocionam. Lindo, lindo, um herói. Basta ver Dois Filhos de Francisco, que conta a história dos goianos Mirosmar José de Camargo e Welson David de Camargo, vulgos Zezé de Camargo&Luciano.

Longe de alcançar o sucesso, porém, estão milhares outros. Trajetórias merecedoras, talvez, de reconhecimento. Mas não têm nada que os torne heróis. Nunca serão um mito. Alguns deles, pouqíssimos num mar de gente, têm porém seus 15 minutos de fama. Mesmo que num espaço pequeno de jornal, coisa pouca, coluna de não mais que 10000 caracteres. Mas valeu a tentativa. Obra da gaúcha Eliane Brum. Repórter do Zero Hora, a moça saiu pelas ruas de Porto Alegre, com a cara, a coragem e possivelmente um bloco e gravador. Colocou num espaço de visibilidade por excelência - o jornal - aquilo que muitos enxergam, mas ninguém vê. Resultou no livro A vida que ninguém vê.

Contra o bordão jornalístico de quê a notícia só vem se o homem morder o cachorro, Eliane capturou muitos cachorros mordendo os homens. Por vezes, a ferida se curava, mas ficavam as cicatrizes. De outras, a ferida se abria diariamente. Algumas vezes, nem doía mais. Alguns dos feridos: Israel, o deficiente mental que ganhou a escola. Dona Maria e os olhos brilhantes. Frida e sua cidadania às avessas. Sapo e sua mendicância ao rés-do-chão. Geppe e sua resistência ao banho. Caminhando doloridos, sem precisar quê ninguém os visse.








domingo, 10 de maio de 2009

De dar gosto [de fruta]




Que comercial de margarina, que nada! Sempre ótima, a Piauí, edição "especial e pré-sal de segundo aniversário" #25, mostra que nem só de grandes conglomerados publicitários vive o mercado editorial.