terça-feira, 29 de abril de 2008

Aspas # 2

"Não está escrito nas estrelas que isso vai dar certo"
(MARTINS, Franklin. Abertura do I Fórum Nacional de Tv's públicas. Brasília: Secretaria do Audiovisual. 2008)

Aspas # 1

"Faço astrologia e tarô. Não cobro consulta. Favor trazer uma garrafa de água mineral"
(FAMIGERADO, cartaz. Em um poste na esquina. Belo Horizonte: bairro Padre Eustáquio. 2008)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

domingo, 27 de abril de 2008

Aspas # 0

De hoje em diante, uma seção esporádica de ditos que merecem ser postos à mostra. A classificação não tem limites. Peridiocidade, difícil de dizer. Só sei que, se valeu a pena postar, tá no blog.
"Tem coisa muito boa na música brasileira. Agora, chamar de música o Creu é o que não podemos aceitar"
(GOUVEIA, Bruno. Entre "Vento Ventania" e "Onde você mora". In___Show do Biquini Cavadão. Divinópolis: Fenacer, 2008)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Sobre agulhas e astros do rock

Nada melhor que chegar em casa depois de uma provinha trabalhosa seguida do seu estágio. Ainda mais quando a revista do Projeto para o qual você trabalha está em processo de fechamento de edição. E mais ainda quando você trabalha na equipe de comunicação desse Projeto. Portanto, você tem responsabilidade sobre ela, quase como a um filho (tudo bem, um pouco de hipérbole não faz mal).
Pois bem, com um iogurte na mão e olheiras sob os olhos (uma conjunção de minha composição física mais um bocado de noites mal dormidas na semana), estiquei as pernas sobre o pufe que fica em frente ao sofá e liguei a Tv. Durante toda esta semana, o máximo de imagem em movimento que eu vi foram relances de quando a Lu aqui em casa estava assistindo à televisão ou um videozinho do Youtube. Zapeando de canal a canal (nessas horas me lembro do Elton, meu professor-patrão-coordenador de curso, quando disse que na maioria das vezes a gente assiste à Tv, simplesmente. Nenhum canal específico não...), passei pela RedeTv!. "Começa, agora, o Superpop, com Luciana Gimenez!!!". Tive que largar o controle sobre o sofá.

"Credo, ela assiste a isso. Nossa, que falta de cultura!". Sim, sim, sei que provavelmente isso pode ter passado pela sua cabeça. Mas o fato é que o Superpop, pra mim, é um caso a se estudar, no sentido acadêmico mesmo. E, para falar qualquer coisa dele, bem ou mal, é preciso assisti-lo. E mais: pra mim, é um programa rico. "Nossa, agora eu saio desse blog". Não, não me abandone, mas ele é rico sim. Rico pela quantidade de temas que pululam sobre os olhos cada vez que a Gimenez apresenta as barras de cereal emagrecedoras Dreamweek, quando alguma subcelebridade convidada sua senta-se no sofá vermelho para encarar o Diário Secreto ou mesmo quando o Ronaldo Esper vai dar suas agulhadinhas em famosos por aí.
Por trás da roupagem sensacionalista, a gente pode tirar uma quantidade sem fim de temas para discutir. E é inegável que, mesmo que seja aparentemente bonito e inteligente afirmar que o programa não presta, ele já está quase comemorando seu décimo aniversário. Sim, dez anos, sendo que há uns sete a Gimenez tomou as rédeas. Então, no mínimo deve ter audiência né? Já ouviu o tantararan-tantan, seguido de palmas e um grito da apresentadora de que "estamos liderando a audiência neste momento"? Sim, na calada de suas salas as pessoas devem sim estar assistindo à mãe do filho do líder de uma das maiores bandas de rock da história desfilar sobre o palco...


Pois bem. Vira que mexe está lá a Simoni ex-balão-mágico, a Mulher Salva-Vidas, a Gretchen do pipipipiripipi e até mesmo uma dita sósia da Madonna, imitando performances da musa pop e forçando as cordas vocais tentando entoar o Like a Virgin. Elas, geralmente, vão desabafar argruras pessoais, propagandear o novo filme pornô ou até mesmo ganhar visibilidade que ajude a receber convites para fazer show. Aí vem a questão: até onde isso me interessa? Ou seja, onde acaba o interessa privado e começa o público, se é que começa? Como delimitar uma fronteira entre essas dimensões? São coisas tão assim... A televisão enquanto instituição não assume o discurso de existir para servir ao "bem público"? Longe de entrar no mérito de discutir as muitas limitações dessa afirmação e até do tão bem falado bem comum, fato é que isso vende, isso interessa a muitos, isso dá audiência, isso repercute nas outras mídias. Sim senhor.

Às vezes também até que eu vejo possibilidadade de uma discussão mais ampla. Quando a Bruna Surfistinha (sim, a ex-garota de programa e autora do "O doce veneno do escorpião") segura o microfone e começa a falar de suas antigas rotinas de trabalho, logo logo os convidados, que parecem ter a função de "apertar" o convidado principal, começam a discutir a questão da prostituição. E dá-lhe ânimos exaltados. E, mesmo que a intenção do programa não seja propriamente essa, no outro dia a espectadora assídua, aquela que larga até o banho para ligar a Tv às 22 hs, pode comentar sobre isso com a vizinha. E assim começa a rede... É a melhor maneira de se discutir a prostituição? Não, de maneira alguma. Mas fato que se discute, bem ou mal.

Conteúdo programático? Variadíssimo. Desde a busca pela Gina dos palitos (sim, aquela loira de franjinha da caixa marrom, lembra-se?) até o ensaio sensual do Alexandre Frota, aquele marrucão que participou de alguma das Casas dos Artistas e que insiste em voltar à visibilidade com algum filme pornô. Tem também o Rafael Ilha, o ex-Polegar que engoliu umas pilhas. Aí o mais comum de se pensar é que "nossa, a televisão deveria levar mais cultura pras pessoas. O que isso vai acrescentar à vida delas?". Sim, isso seria de um beneficio sem igual. Mas o que você entende por cultura? É o que eleva intelectualmente? Ou é mesmo um modo de vida? E, também, a televisão não é uma entidade-mor, que paira sobre a sociedade e de lá lança pílulas de alienação. Não, ela, como qualquer outro meio de comunicãção, nasceu de necessidades sociais. Econômicas? Sim. Políticas? Igualmente. E, sendo assim, ela não está "descolada" (de novo, Elton) da sociedade. Então, é de certa forma um reflexo do que a sociedade, ou melhor, o que uma parte dela quer ver. Prova disso é a audiência que sustenta os 90 minutos diários do programa. Os motivos do interesse? Ah, são muitos. Como as pessoas lêem aquilo? Também podemos ficar vários pixels debatendo.

Devaneios à parte, não estou fazendo uma apologia à Gimenez, de maneira nenhuma. Só tentei demonstrar o quanto é legal fugir de análises simplistas de programas de Tv como esse. E a discussão poderia se estender milhas e milhas. Poderia fazer um blog só sobre o Superpop. E poderia se chamar, plagiando um quadro do programa, "Vai encarar?". Hahaha. Brincadeira.

Por último, uma coisinha que eu e Ju minha irmã comentamos uma vez. Sabia que, até há algum tempo, a música de abertura do programa era Satisfaction, dos Rolling Stones? Coincidência? E ela entrava desfilando, toda toda... Que o diga o Lucas Jagger.

sábado, 19 de abril de 2008

O fabuloso destino de Amelie Poulain

Já faz um tempo que assisti. O que mais me agradou? A belíssima fotografia. E a trilha, que vez ou outra ainda soa pra mim. Também o enredo, bastante peculiar.
A combinação disso tudo resulta num filme em que a sensibilidade aflora do início ao fim; um misto de sinestesia e identificação. Descobri que tenho um lado Amelie Poulain...

domingo, 6 de abril de 2008

Paradoxo

Ok. O título é uma piada interna e tanto. Explico.

Fui um dia à Praça da Liberdade, aqui mesmo em BH, "procurar" fotos para um trabalho de fotografia. A praça estava lotada, fato incomum para um sábado de manhã. Além das tradicionais famílias com suas crianças sobre um velotrol ou agarrando um poodle pela coleira, muitas e muitas pessoas com figurino à século XIX andavam de um lado a outro de um dos, a meu ver, espaços mais bonitos da capital. "Seria um teatro?". Como uma boa aspirante à repórter, resolvi investigar.
Acabei por descobrir que a Globo filmava ali um capítulo de sua próxima novela das seis. E que fascínio era aquilo para as pessoas. "Sabe moça, dizem que a Ana Paula Arósio está aqui". Não, não estava. "Aquele ali é o que fez o fulano, naquela novela do ano passado". Não me lembrava. "Não sabe moça? Fez o irmão do beltrano". Desculpe, mas a essa eu não assisti.

Observando (uma paixão minha), percebi que a emissora tomara cuidados meticulosos para que tudo se passasse mesmo no século XIX. Primeiro, os entornos da praça estavam "fechados". Um segurança em cada esquina, aos transeuntes, educadamente: "Moço, poderia dar meia-volta?". Até o ponto de ônibus da Praça, cuja plaquinha abriga umas boas quinze linhas de circulação diferentes, fora desativado. Bem me disse uma amiga, no outro dia, que ouviu no rádio que a região da praça enfrentara um congestionamento terrível no fim de semana. Coincidência?
Segundo, o desfrute da praça estava limitado. Num cálculo mental tosco, aproximadamente metade do espaço só podia ser pisado por globais. Bons seguranças se ocupavam do cordão de isolamento.
E, terceiro, a ambientação estava impecável, eu reconheço. A começar pelo figurino. As mulheres com o melhor vestido à la Paris, como acontecia na época. E os homens com seus ternos e chapéus lustrosos, ainda que sob o sol das onze da manhã. Tudo pra fazer jus àquela que, naquele tempo, era uma máxima: calor nos trópicos, indumentária do primeiro mundo. Depois, os carros. Ah, esses me inspiraram nostalgia. Onde antes passavam Gols, Fiestas e tudo o mais, agora transitavam os melhores modelos do início do século.

Tem também uma fator essencial, mas esse não é mérito da Globo. A Praça da Liberdade abriga nos arredores prédios datados da construção da capital, no final do século XIX. Hoje, eles sediam importantes órgãos estaduais, como a Secretaria de Estado de Educação. Pelo menos por enquanto, já que daqui a alguns meses pretende-se levar tudo lá pra divisa com Vespasiano.

Pois bem, como disse, ambientação impecável. E um elemento me chamou a atenção. Era um carrinho de pipoca bem arcaico, ainda que bonito. E, preso a ele, os balões. "Vai zoom, vai!". Alheios ao corre-corre danado, gritos de "corta!", "ação!" e buzinaço, eles estavam ali, leves e tranqüilos, agitando-se devagar quando ventava. Se pudessem, iriam embora desbravar a atmosfera.




quinta-feira, 3 de abril de 2008

Era uma vez uma promessa de blog

Inaugurar um blog não é coisa fácil. É aquele velho dilema: "Escrever o quê?".

Quando falava de minha vontade em ter um blog, me perguntavam: "Ah é? E vai ser sobre o quê?". Eu dizia, digo e direi a quem o perguntar: "Não elegi um tema. Serão reflexões, mesmo". Fico divagando: a gente não pensa, vive ou reflete por "bloquinhos", numa tosca comparação. Claro que a gente herda socialmente e, ao mesmo tempo, constrói categorizações que ajudam a "organizar" o pensamento, mas em momento nenhum ele se disassocia assim, dividinho. Minha vontade já é antiga. Mas sempre adiava. "Ah, qualquer dia faço".

Lembro-me de um dia em que estava no ônibus e um senhor mais idoso entrou com um violão. Eu voltava do estágio; ainda estava em férias na faculdade. Cansada, com fome e com o celular marcando umas seis da tarde. Pra mim era só mais uma pessoa a entrar. Afinal, BH com seus três milhões de habitantes (é isso mesmo?) é um vaivém intenso de pessoas, e o ônibus é um dos melhores mostruários disso. Pois bem, estava a olhar pela janela e pensar na vida, atividade preferida dentro de ônibus, quando começa um inezita barroso: "Com a marvada pinga é que eu me atrapáio/Eu entro na venda e já dou meio táio/Pego no copo e dali não saio/Ali memo eu bebo/Ali memo eu caio". E uma voz até boa, entoada, animada e apaixonada. Quem era? Aquele senhor. E as pessoas da parte da frente do ônibus estão sorrindo, junto com o trocador. Daí ele entoa mais uma, da qual sinceramente não me lembro. E agora os passageiros de trás também já acham graça. E ele volta com a marvada. Desta vez, alguns lá da frente até ajudam. E eu, então, percebo que estou com um daqueles sorrisos tipicamente abobados estampados no rosto e alguns pêlos do braço eriçados. Ou seja, estava arrepiada.

O que mais ele cantou? Não sei, porque meu ponto chegou. E naquele dia, caminhando pela calçada, a um quarteirão de casa, eu senti uma vontade transbordante de colocar aquilo no papel. Tá bem, pode ser numa tela de computador, se agora parece que vai ser assim. E sempre prometia pra mim mesma (e para algumas pessoas) que iria fazer meu blog. Só que só agora eu resolvi cumprir a promessa.