terça-feira, 29 de abril de 2008
Aspas # 2
Aspas # 1
segunda-feira, 28 de abril de 2008
domingo, 27 de abril de 2008
Aspas # 0
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Sobre agulhas e astros do rock
Pois bem. Vira que mexe está lá a Simoni ex-balão-mágico, a Mulher Salva-Vidas, a Gretchen do pipipipiripipi e até mesmo uma dita sósia da Madonna, imitando performances da musa pop e forçando as cordas vocais tentando entoar o Like a Virgin. Elas, geralmente, vão desabafar argruras pessoais, propagandear o novo filme pornô ou até mesmo ganhar visibilidade que ajude a receber convites para fazer show. Aí vem a questão: até onde isso me interessa? Ou seja, onde acaba o interessa privado e começa o público, se é que começa? Como delimitar uma fronteira entre essas dimensões? São coisas tão assim... A televisão enquanto instituição não assume o discurso de existir para servir ao "bem público"? Longe de entrar no mérito de discutir as muitas limitações dessa afirmação e até do tão bem falado bem comum, fato é que isso vende, isso interessa a muitos, isso dá audiência, isso repercute nas outras mídias. Sim senhor.
Às vezes também até que eu vejo possibilidadade de uma discussão mais ampla. Quando a Bruna Surfistinha (sim, a ex-garota de programa e autora do "O doce veneno do escorpião") segura o microfone e começa a falar de suas antigas rotinas de trabalho, logo logo os convidados, que parecem ter a função de "apertar" o convidado principal, começam a discutir a questão da prostituição. E dá-lhe ânimos exaltados. E, mesmo que a intenção do programa não seja propriamente essa, no outro dia a espectadora assídua, aquela que larga até o banho para ligar a Tv às 22 hs, pode comentar sobre isso com a vizinha. E assim começa a rede... É a melhor maneira de se discutir a prostituição? Não, de maneira alguma. Mas fato que se discute, bem ou mal.
Conteúdo programático? Variadíssimo. Desde a busca pela Gina dos palitos (sim, aquela loira de franjinha da caixa marrom, lembra-se?) até o ensaio sensual do Alexandre Frota, aquele marrucão que participou de alguma das Casas dos Artistas e que insiste em voltar à visibilidade com algum filme pornô. Tem também o Rafael Ilha, o ex-Polegar que engoliu umas pilhas. Aí o mais comum de se pensar é que "nossa, a televisão deveria levar mais cultura pras pessoas. O que isso vai acrescentar à vida delas?". Sim, isso seria de um beneficio sem igual. Mas o que você entende por cultura? É o que eleva intelectualmente? Ou é mesmo um modo de vida? E, também, a televisão não é uma entidade-mor, que paira sobre a sociedade e de lá lança pílulas de alienação. Não, ela, como qualquer outro meio de comunicãção, nasceu de necessidades sociais. Econômicas? Sim. Políticas? Igualmente. E, sendo assim, ela não está "descolada" (de novo, Elton) da sociedade. Então, é de certa forma um reflexo do que a sociedade, ou melhor, o que uma parte dela quer ver. Prova disso é a audiência que sustenta os 90 minutos diários do programa. Os motivos do interesse? Ah, são muitos. Como as pessoas lêem aquilo? Também podemos ficar vários pixels debatendo.
sábado, 19 de abril de 2008
O fabuloso destino de Amelie Poulain
A combinação disso tudo resulta num filme em que a sensibilidade aflora do início ao fim; um misto de sinestesia e identificação. Descobri que tenho um lado Amelie Poulain...
domingo, 6 de abril de 2008
Paradoxo
Fui um dia à Praça da Liberdade, aqui mesmo em BH, "procurar" fotos para um trabalho de fotografia. A praça estava lotada, fato incomum para um sábado de manhã. Além das tradicionais famílias com suas crianças sobre um velotrol ou agarrando um poodle pela coleira, muitas e muitas pessoas com figurino à século XIX andavam de um lado a outro de um dos, a meu ver, espaços mais bonitos da capital. "Seria um teatro?". Como uma boa aspirante à repórter, resolvi investigar.
Observando (uma paixão minha), percebi que a emissora tomara cuidados meticulosos para que tudo se passasse mesmo no século XIX. Primeiro, os entornos da praça estavam "fechados". Um segurança em cada esquina, aos transeuntes, educadamente: "Moço, poderia dar meia-volta?". Até o ponto de ônibus da Praça, cuja plaquinha abriga umas boas quinze linhas de circulação diferentes, fora desativado. Bem me disse uma amiga, no outro dia, que ouviu no rádio que a região da praça enfrentara um congestionamento terrível no fim de semana. Coincidência?
Tem também uma fator essencial, mas esse não é mérito da Globo. A Praça da Liberdade abriga nos arredores prédios datados da construção da capital, no final do século XIX. Hoje, eles sediam importantes órgãos estaduais, como a Secretaria de Estado de Educação. Pelo menos por enquanto, já que daqui a alguns meses pretende-se levar tudo lá pra divisa com Vespasiano.
Pois bem, como disse, ambientação impecável. E um elemento me chamou a atenção. Era um carrinho de pipoca bem arcaico, ainda que bonito. E, preso a ele, os balões. "Vai zoom, vai!". Alheios ao corre-corre danado, gritos de "corta!", "ação!" e buzinaço, eles estavam ali, leves e tranqüilos, agitando-se devagar quando ventava. Se pudessem, iriam embora desbravar a atmosfera.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Era uma vez uma promessa de blog
Quando falava de minha vontade em ter um blog, me perguntavam: "Ah é? E vai ser sobre o quê?". Eu dizia, digo e direi a quem o perguntar: "Não elegi um tema. Serão reflexões, mesmo". Fico divagando: a gente não pensa, vive ou reflete por "bloquinhos", numa tosca comparação. Claro que a gente herda socialmente e, ao mesmo tempo, constrói categorizações que ajudam a "organizar" o pensamento, mas em momento nenhum ele se disassocia assim, dividinho. Minha vontade já é antiga. Mas sempre adiava. "Ah, qualquer dia faço".
Lembro-me de um dia em que estava no ônibus e um senhor mais idoso entrou com um violão. Eu voltava do estágio; ainda estava em férias na faculdade. Cansada, com fome e com o celular marcando umas seis da tarde. Pra mim era só mais uma pessoa a entrar. Afinal, BH com seus três milhões de habitantes (é isso mesmo?) é um vaivém intenso de pessoas, e o ônibus é um dos melhores mostruários disso. Pois bem, estava a olhar pela janela e pensar na vida, atividade preferida dentro de ônibus, quando começa um inezita barroso: "Com a marvada pinga é que eu me atrapáio/Eu entro na venda e já dou meio táio/Pego no copo e dali não saio/Ali memo eu bebo/Ali memo eu caio". E uma voz até boa, entoada, animada e apaixonada. Quem era? Aquele senhor. E as pessoas da parte da frente do ônibus estão sorrindo, junto com o trocador. Daí ele entoa mais uma, da qual sinceramente não me lembro. E agora os passageiros de trás também já acham graça. E ele volta com a marvada. Desta vez, alguns lá da frente até ajudam. E eu, então, percebo que estou com um daqueles sorrisos tipicamente abobados estampados no rosto e alguns pêlos do braço eriçados. Ou seja, estava arrepiada.